
Reservei a tarde de sexta-feira para ver a classificação do basquete feminino para os jogos de Pequim. Tinha certeza que Iziane seria o nome da partida. E realmente foi! Não como eu pensava, mas me levou a pensamentos e comparações inevitáveis. Pensei que se a fantástica Iziane tivesse nascido 20 anos antes não sairia do banco de reservas por muito tempo. Só para explicar o que estou escrevendo, a jogadora Iziane, principal estrelas de um time super desfalcado e renovado da gloriosa seleção nacional, se recusou a voltar ao jogo após ser substituída na partida decisiva conta a Bielo-Rússia. Pensei imediatamente nos tempos de Paula e Hortência. As duas também saiam da quadra. O basquete é um jogo tático, precisa dosar o número de faltas e todos entram e saem com normalidade. Mas Iziane não. Saiu e ficou brava, não quis voltar e acabou cortada pelo técnico Paulo Bassul. E olha que Iziane começou na seleção juvenil justamente com Paulo Bassul. Lembre da garra da maior jogadora que o basquete mundial já teve (Hortência), lembrei das mágicas de Paula e lembrei da tímida Janeth. Iziane não jogaria neste time. É uma grande jogador, mas naquele time campeão do mundo e medalhista olímpico não. Os jogos olímpicos são sagrados, foram criados para substituir guerras e resolver os assuntos polêmicos em simples disputas eportivas. Não vai mais existir um time com Paula e Hortência juntas. O time brasileiro é cheio de talentos, mas não tem monstros sagrados como tinhamos. Lembrei de outros esportes, da raça de Pelé, da persistência de Zico para participar da copa de 86, lembrei da mesma copa do México quando o elegante Falcão ficou no banco, o grande Sócrates... Mas acima de tudo lembrei do grande Aurélio Miguel. Ele brigou a vida inteira contra o presidente da Confederação de judô, discordou de tudo, mas não largou a Seleção. Muito pelo contrário, mostrou que estava certo estando por cima, conquistando medalhas e fazendo história. Aurélio Fernandez Miguel poderia disputar jogos pela Espanha, ficar rico, famoso na Europa (é filho de Espanhol), mas honrou o Brasil. Não desertou jamais, tentou ir para a última olimpíada lutando contra o peso e contra contusões. Não conseguiu, mas nunca fugiu da guerra mais bonita que a humanidade inventou. Nessa guerra todos são heróis e vencedores, menos os desertores e dopados. Esses merecem o esquecimento.(Cultura Esportiva - 14/06/2008)
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